PRIMAVERA SILENCIOSA



 Encontrei
A tua esquecida alegria
Encontrei-te a comer lágrimas
A voar rasante sobre um mar de mágoas
E vi movimentos insuspeitos dentro de ti
E chorei e ri
Vi Maio na luz de Abril
Vi a tua pureza num vazo de flores
De altar imaculado
E vi perguntas:
Qual o valor do amor?
Qual a importância da dor?
Sem uma palavra
Sem a voz
Nem um amigo que nascesse num desconhecido
E vi o que querias ser e não foste
Uma gaivota reinando céu da ilha
Vi a chegada dum barco numa viagem sem fim
Dentro de ti um cálice de amor a esperar por mim
A parte de trás do espelho
Vi o quanto a tua alma é formosa
Nesta Primavera tardia, silenciosa...

Comentários

  1. Comer lágrimas e esquecer sorrisos, voar rasante sobre tudo o magoa e dói, trajar em colcheias de vazio e semi-breves de solidão. O amor não tem valor! O amor não se mede, não se taxa; apenas se dá. Se entrega e doa, porque é AMOR.
    Há um cálice guardado, bem fundo no coração, que espera uma nova aurora. Há um barco, ancorado na alma, que espera uma viração para se fazer ao largo. Na parte de trás do espelho há um secreto manuscrito esperando a mão que o abrirá, os olhos que o saberão ler, não sei se numa Primavera tardia; sei apenas que é numa espera silenciosa.

    Belíssimo poema, Alquimista das palavras, como sempre um magistral jogo de metáforas. Uma pintura em forma de letras.

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