SE AS TUAS MÃOS FALASSEM




Hoje acordei numa ilha tombada sem cor
Numa madrugada de melancolia
Olhei para o mar sobre o orvalho dos frutos
Inventei um barco navegando ao fim do dia
Senti o chão molhado de pranto
Ouvi os inaudíveis segredos da terra
Fui pássaro sem penas nem canto
Poisei no nome das ausências na paz e na guerra
Aprisionei nos olhos os ninhos de verão
Entre as pedras solares um cheiro de solidão
Sei que algures bate sempre com amor
Entre marés, um terno e doce coração
Mas deixemo-nos de tristes tretas
Vou vestir-me de mágico autor
Chapéu de coco, varinha de condão
Um gesto desenhado de mão
Oh, senti que aprisionei um coração!
Senti na sombra da esperança
As cores todas da paixão
E vi uma criança num mundo vesgo
Ouvindo o badalar majestoso de um igreja
Morri, sorri e renasci
Não sei se a loucura hoje tomou conta da minha pena
Acho que quando partir gostava que apenas as gaivotas chorassem
Por este poeta tonto
Desejando eternamente
Que as tuas mãos falassem...

Comentários

  1. Muitas vezes seus poemas me relembram canções. Este poema, lembrou-me a canção de Vinicius de Moraes "Onde Anda Você".
    "E por falar em saudade
    Onde anda você
    Onde andam os seus olhos
    Que a gente não vê..."

    Também poeta... Também...

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

ALGURES UM ARCO-IRIS

ESCREVO PARA QUE OIÇAS O AMOR