No
espelho partido, de um pequeno e pobre quarto de dormir. Sou apenas uma
criança, que sonha com fábulas, reis, rainhas e amor. Sou um guerreiro. Talvez
herói, de uma história ainda por contar. Aqui cheguei, como se o Mundo
estivesse acabar. Não pergunto pelo amanhã, pelos abismos que se abrem na
fronteira do pensamento. Vim, aqui cheguei, com a lucidez dos espelhos e a
espuma inquieta do mar, batente no calhau da praia.
Esperei
encontrar: rios mansos e brincar com papagaios de seda, em tardes de vento brando.
Falaram-me de fadas, de castelos, de rios mansos, onde alguma vez pudesse
navegar, em barcos de papel.
Nada
pedi. Apenas que me levassem pela viagem das nuvens. Que me falassem, das
árvores e das casas, e perguntei:
Onde
dormem as aves ao fim do dia? E se eu fosse ave e voasse com o mesmo bater de
asas? Não obtive respostas, mas desejei mil vezes ser gaivota, apenas porque
achava, que a ilha não as aprisionava, tal como aos pássaros.
Perguntei,
onde dormem os vagabundos ao fim do dia? Apenas porque achava que os
vagabundos, tinham com certo, serem os donos do Mundo. Achei que eram os anjos,
dos meus pesadelos.
Fosse
porque fosse, pensei nas cores, nas flores, na perfeição, e pela primeira vez,
“Entendi Deus”... Não tive engenho nem arte para “O” desenhar, não encontrei,
as cores certas, para “O” pintar, tive sempre uma vontade imensa de entender
quem Ele era. Dei voltas à cabeça, ergui aos céus a minha mão, vi neste mundo
tanta coisa má, algumas, partiram-me o coração.
Nasci
numa pequena Vila, esquecida num cantinho da ilha. Ouvi gente dizer: que para
acreditar, tinha de ver. Até sabia que havia um santo de nome Tomé.
Muita
história ouvi, umas fizeram-me rir, noutras chorei. Até que um dia sonhei com
um anjo, eram vésperas do dia do nascimento do Deus menino. Contou-me o Anjo,
três contos, que nunca ninguém contou, ou escreveu. Foi numa noite fria, não
sabia ainda escrever: Guardei-os no coração até estes dias. Há quem diga que,
contar um conto a ninguém, faz mal; por isso decidi abrir o coração e contar-vos,
isto que um anjo me contou: Três contos de Natal...
Era
uma vez...
Era uma vez..... Um homem de coração grande, de alma singela. Era uma vez um Poeta a quem a vida nem sempre sorri. Era uma vez um menino que sabe olhar o céu que o habita e tecer nuvens de encanto, e sabe embalar as ondas do mar e rir com os golfinhos que vê passar. Era um vez... tantas vezes!
ResponderEliminarÉ tempo de escutar as palavras do Anjo pela boca do homem-menino-gaivota-golfinho... Os três Contos de Natal.
Era uma vez.....
Poeta... empresta-nos asas, faz-nos sonhar